domingo, 23 de outubro de 2011

Greve ainda é instrumento eficaz de luta para trabalhadores?

O ano de 2011 ficou marcado no Rio Grande do Norte pelas inúmeras paralisações de trabalhadores de diferentes categorias. Isso porque a sequência de greves tornou-se uma corrente de mobilização das entidades sindicais e mais de 12 categorias de trabalhadores deflagraram movimentos paredistas. A onda de greve no funcionalismo estadual suscitou alguns questionamentos. Entre eles: se realmente esse instrumento de pressão traz melhorias e conquistas trabalhistas? Além disso, se a luta sindical brasileira teria ressurgido pela onda grevista dos servidores no RN?
Para o sociólogo Vanderlei de Lima, esse conflito permanente entre capital e trabalho continua existindo, apenas o contexto social atual é diferenciado do período das antigas lutas sindicais brasileiras.
"Atualmente temos muitos meios de comunicação e as reivindicações estão mais ligadas à qualidade social. Esse contexto difere as greves do passado das atuais paralisações. Não seria um retorno, pois a presença dessa luta sempre existiu. De forma geral seria um arremetimento dessa luta. Por outro lado, a complexidade desse mundo atual reduz esse tipo de mobilização, pois as pessoas deixam de se manifestar por esse instrumento para reivindicar por outros meios", explica o sociólogo.
Segundo ele, hoje a negociação se dá pelo trabalhador diretamente com a empresa, diferente do movimento que era no passado, onde a luta sindicalista também desencadeava movimentos políticos. Mas Vanderlei de Lima destaca que a greve ainda é um mecanismo eficaz, principalmente já que promove de imediato a perda do lucro.
"As mobilizações mais organizadas na maioria dos casos são dos sindicatos compostos por servidores públicos. Porém, a resposta positiva à pauta de reivindicação é mais rápida quando há prejuízos financeiros imediatos com a paralisação dos trabalhadores. É o caso dos bancários, que tiveram suas reivindicações atendidas de forma rápida. Diferente da resposta lenta às lutas dos servidores públicos da educação e saúde, pois os prejuízos são a médio e longo prazo", conclui o sociólogo Vanderlei de Lima. 

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