A realidade em fantasia
Ele não veste ternos nem paletós. Nem é empresário ou trabalha em escritórios e participa de reuniões de negócios. Simplesmente usa e abusa de suas fantasias para garantir sustento próprio e dos familiares. E tudo com intenso amor ao que fazem e ao próximo.
Há um ano, o nordestino Edivaldo Quintino de Oliveira se transformou no cangaceiro do bem como anfitrião em restaurante de Santo André. "É gratificante", ressalta o novo astro.
Edivaldo Oliveira, o cangaceiro da paz
Ele é o mais novo pop star da Avenida Dom Pedro II, em Santo André. Não tem quem não o veja ou acene para o cangaceiro da paz natural de Frutuoso Gomes, no Rio Grande do Norte, registrado há 50 anos como Edivaldo Quintino de Oliveira. De terça-feira a domingo, só dá ele em frente ao restaurante de comida típica nordestina para atrair a clientela.
"Fala Lampião", grita um dos passageiros em uma Kombi, que trafegava pela avenida sentido São Caetano, enquanto a equipe do Diário entrevistava o cangaceiro na quarta-feira na hora do almoço. Não tem como deixar de remeter à figura de Virgulino Ferreira da Silva, o temido Rei do Cangaço.
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Edivaldo Quintino de Oliveira |
No papel de cangaceiro Oliveira está há um ano, exatamente quando o restaurante começou a funcionar. Sócia do Mandacaru, a cearense Flavia Medeiros, 40, é uma das idealizadoras de colocar o personagem, que encanta adultos e crianças, na porta do estabelecimento comercial. "O sucesso foi total", comenta.
Oliveira comemora e ainda posa para as fotos. "A cada segundo é um que buzina ou pede para fotografar", afirma, com o apito na mão e os óculos de sol no rosto - único acessório que destoa do vestuário característico do bando de Lampião.
Aliás, o apito, conta o cangaceiro de plantão, foi a forma encontrada para se comunicar com o público. "Quando chegava no fim da tarde, antes do apito, a garganta estava estourada de tanto falar ou gritar. Agora, a saudação é por aqui", revela, entre uma e outra assoviada de saudação.
O cangaceiro tem sua Maria Bonita, Sebastiana Oliveira, que de apenas quatro dias de namoro resultou em 27 anos de casamento e três filhos - todos homens. Depois de bater e voltar três vezes do Rio Grande do Norte para o Grande ABC, em 1998, Oliveira, definitivamente, fincou a barraca em Santo André, onde mora até hoje. "Hoje não volto mais para lá. Só a passeio", garante.
Ao lado do marido Allan Silva, 27, a médica Cristiane, 33, de Ribeirão Pires, se divertiu com o personagem. "Ele chama a atenção", afirma, ao se deparar com o típico cangaceiro de chapéu de couro, calça e camisa em tons ocre, o lenço colorido estampado e nos pés as famosas alpargatas.
Na lapela da camisa, um broche com saudação pela paz. "Foi um senhorzinho que passou por aqui e pediu se eu poderia usar", conta Oliveira, que à noite se transforma em não reconhecido garçom de pizzaria.
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